Quem sou eu

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Pátria, Amada, Brazil
Apenas um rapaz, um rapaz que não tem medo de mostrar seus sentimentos, aliás, tem orgulho. Amor não é algo para ser guardado oculto dentro de nós, mas sim dividido com o mundo, pois o amor está em falta ultimamente...

ATÉ ONDE VOCÊ IRIA?




Miguel e Bruno. Inseparáveis, quase irmãos. Tão amigos, tão parecidos, tão ligados que imprudentemente apaixonaram-se pela mesma mulher... Tolos. Nenhum sabia da paixão do outro.
Secretamente, o amor deles por ela crescia.
Até o dia em que um resolveu aventurar-se e aproximar-se dela. Miguel decidiu arriscar uma conversa inocente. Por ser carismático e galanteador, manteve a garota interessada por toda a conversa.
Logo a relação deles se estreitava, enquanto Bruno ficava observando a cena de longe, amargurado. Ele olhava tudo se desenrolar incapaz de tomar qualquer ação. Afastava-se mais e mais de Miguel, sempre com desculpas, como compromissos, deveres e falta de tempo. Semanas se passavam e Bruno se esquivava sempre que possível de qualquer oportunidade de conversar com seu “ex”-melhor amigo.
O pobre rapaz perguntava-se: “se dizem que somos tão parecidos, por que ele a merece e não eu?”, mas nunca achava uma resposta.

Um dia, sozinho, em casa e com fome, Bruno recebe uma ligação de uma pessoa desconhecida. Uma voz que nunca havia ouvido antes diz:
“Até onde iria para salvar quem você ama?”.
No início, ele achou que fosse um simples trote.
– Boa pergunta... Eu acho que iria pra cozinha fazer um sanduíche e desligar o telefone.
– Bruno, isto não é brincadeira, escute com atenção se não a garota que você ama irá morrer em 24 horas.

Nesse momento uma gota de suor corre seu pescoço e ele engole a saliva a seco. Afinal a voz acabara de falar o nome dele e sabia da garota que perdera para Miguel.
– Meu amigo está com ela agora. Não tenho mais interesses nela, – falando com um tom que denuncia a mentira que falou – são águas passadas.
– Nós dois sabemos que isso não é verdade. Então, cale-se e ouça. Está disposto a matar para que sua amada continue viva?

Ele fica em estado de choque com o pedido da pessoa misteriosa e revolta-se.
– Quer saber? Não vou aturar mais essa conversa de gente louca!
E bate o telefone no gancho. Imediatamente após desligar o telefone toca novamente.
– Isso não tem graça, quero que saiba que caso essa seja sua palavra final ela será morta aqui e agora e Miguel será o próximo.
– Como sabe dele também? O que eles têm haver com você? Quem é você? Não fizemos nada para merecer isso!

Mesmo um lado de Bruno odiar e invejar Miguel, outro ainda o ama como um irmão. Perder o amor de sua vida e ainda por cima perder seu melhor amigo? Seria dor demais para um homem só agüentar.

– Eles são a razão disso tudo; não sou ninguém importante para você, nem nunca serei; vocês são o que me motivou a fazer o que estou fazendo. Vou perguntar só mais uma vez. “Está disposto a matar para que sua amada continue viva?”.
– Sim. Continue.
– Na estante de cima na sala de estar você vai encontrar uma arma, carregada, portanto tome cuidado, preciso de você vivo para que isso dê certo.

Quando vai até a sala com o telefone, desacreditado que encontraria uma arma de verdade, ele estica a mão até a estante mais alta e sente algo... Ao pegar e ver o que era quase tem um ataque do coração. Era uma pistola. Percebendo que a situação era mais séria que pensava, Bruno resolve colaborar e acabar com isso o mais rápido possível.

– Encontrou a arma?
– Sim. Estou ouvindo. Quem você quer que eu mate agora?
– Seu alvo, no momento está a três quarteirões de onde está...
– Mas quem é?
– Não me interrompa!... Na Praça da Liberdade próximo do posto de gasolina.
– Estou a caminho.
– Ah e Bruno, leve seu celular, caso faça algo estúpido quero que ouça as últimas palavras dela.

Ele segue até o local combinado. Ao chegar recebe uma ligação.

– Vá para o apartamento 406 do prédio na esquina sul da praça e vigie a única janela da sala até seu alvo chegar.
– “Chegar”?! Disse que já estaria aqui!
– Tudo na hora certa, agora faça o que mandei.

Bruno procura o edifício desesperado. Avista-o em meio às árvores e corre até lá. Entra, sobe as escadas e vasculha o 4º andar atrás do apartamento. Encontra-o e fica de tocaia por horas.

Até que, já de noite, aparece um homem conversando no celular, e senta-se num banco bem em frente à janela. Estava longe de mais para ver seu rosto... De repente o telefone de Bruno toca mais uma vez.

– Lá está seu alvo. Agora, mate-o e estará livre assim como seu amor.
– Mas nem conheço aquele cara! Se for um pai de família ou algo do tipo, estarei arruinando muito mais do que a vida dele.
– Está disposto a salvá-la ou não? Esta é minha última ordem. Faça-o e saia vivo com aquela que ama, ou escute-a agonizar até a morte.
– Farei isso. Mas tem que me dar sua palavra de que ela ficará bem.
– Tem minha palavra.

O misterioso personagem desliga o telefone. Bruno ajeita sua arma no peitoril da janela e com calma faz sua mira. Sente seu dedo pulsar enquanto encosta no gatilho, seu coração soca seu peito como nunca antes, suor lhe escorre na testa e nas mãos. Uma mensagem é recebida em seu celular, mas ele estava pronto e concentrado demais para ver do que se tratava. “Deus me perdoe pelo que estou prestes a fazer” disse assim o rapaz com voz trêmula.

Logo se ouve um estrondo, todos os pássaros, da praça, assustados saem voando e um homem cai morto no chão. Bruno sem ação, só parado na mesma posição, não acredita no que acabara de fazer. Matara uma pessoa. Com suas próprias mãos. Cai num tapete perto da janela e lágrimas começam a se formar.

Ouve-se a porta do apartamento abrir e para a surpresa de Bruno lá estava ela, seu amor, viva e instigada ao vê-lo no chão chorando. A pessoa não identificada do outro lado da linha tinha cumprido sua promessa. A garota, então, pergunta-lhe:

– Você é Bruno?
– Sou.
– Prazer, sou Bianca, acho que nunca fomos propriamente apresentados.
– Nunca tivemos a chance... Quando fui tentar meu amigo Miguel foi antes de mim a tomou de mim.
– Como assim “tomou”?
– Eu e ele éramos apaixonados por você... Mas foi ele quem conseguiu o que tanto queria. Seria bom se você voltasse para ele e contasse o que aconteceu. Deve estar preocupado.
– Não. Não aconteceu nada de mais... Pelo não menos comigo e, aliás, ele nunca esteve “apaixonado” por mim. Mas ele me contava de um garoto chamado Bruno que mal conseguia dormir pensando em mim. Eu me aproximei tanto dele, não só por ele ser muito gentil e simpático, mas também porque ele me falava de você. Esse “Bruno” tão especial, em algum lugar pensando incessantemente em mim. E por falar nele, eu estava com ele agora mesmo... Há alguns minutos. Ele me pediu para vir e disse que você estaria aqui..

O rapaz agora estava com um verdadeiro nó em seus pensamentos. Tudo que ele pensava ser, não era mais. Era muito melhor. Os dois se abraçam ali mesmo no chão. Quando Bruno lembra-se de ter recebido uma mensagem. Ao pegar o celular ele vê que é do mesmo número que havia mandado fazer tudo aquilo, e lê:

“Tive que fazer o que fiz. Obrigado por acabar com meu sofrimento”.

Bruno não acredita no que lê. Corre para a praça, para confirmar suas suspeitas e quando chega até o homem que havia matado ele vê Miguel sorridente, morto no chão e com seu celular ainda em sua mão. O mesmo celular que usara para dar as instruções para Bruno, e nele estava escrito:

“Sentirei sua falta. Eu a amava, sim. Mas não estava pronto pra estragar uma amizade de anos só por causa de uma garota. Tive que escolher entre me desfazer de uma vida inteira que passei ao seu lado, ou um resto de vida inteiro sem você. Escolhi te fazer feliz, afinal, você é como um irmão pra mim e é isso que os irmãos fazem! Alegram uns aos outros. Só ter a satisfação de ter juntado vocês já me deixa mais que feliz, me deixa orgulhoso de ver meu maninho tão sorridente. Desculpe pela bagunça e vá viver sua vida junto dela. Um dia nos reencontraremos, tenho certeza.
Ass.: Miguel”.

11/01/10 – 20h21min