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Pátria, Amada, Brazil
Apenas um rapaz, um rapaz que não tem medo de mostrar seus sentimentos, aliás, tem orgulho. Amor não é algo para ser guardado oculto dentro de nós, mas sim dividido com o mundo, pois o amor está em falta ultimamente...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Depois da ceia



Depois de uma ceia farta de comida, e vazia de sentimento, nós nos retiramos e nos afastamos da mesa, onde todos ainda se enchem de petiscos e conversas efêmeras.
A noite nos abraça com a brisa fria de fim de ano. Empresto-a meu casaco e saímos a caminhar sem rumo pela escuridão do gramado. Ainda dava para ver pela janela as pessoas juntas a “aproveitar” o Natal.

Nossos passos silenciosos na grama orvalhada, o vapor de nossa conversa suspenso no ar, a cada palavra uma pequena nuvem saía de nossas bocas.

Eu e ela não estávamos sozinhos, trazíamos conosco a última garrafa de vinho da noite – quase no fim.
 O gramado termina e andamos sem rumo pela rua deserta. Olhamos todos em suas casas fingindo amor e caridade, trocando presentes baratos e forçando sorrisos. Mas não nós... somos os únicos que não precisam fingir.

Viver não é fazer da vida um mural social e pendurá-lo bem alto para que os outros invejem suas fotos; é guardar as lembranças num álbum, para depois, no final de seus dias, folheá-lo e lembrar-se de como a vida foi boa.
Hoje estou construindo minha memória mais preciosa, nossa primeira noite juntos. Não precisa ser no calor de uma cama entre quatro paredes, ou sentados numa sala de estar com várias testemunhas de nosso amor. Para mim, basta que sejamos eu e você.

Depois de quilômetros de lento crescimento da expectativa, me encontro na sua frente. Sem o que dizer. Fico mudo, mas não por falta de conteúdo, e sim porque você me deixa sem palavras.

Chegamos ao ponto de sentarmos na calçada, não por embriaguês aparente – nem tocamos na garrafa de vinho do Porto –, mas por uma vontade que nos acometeu subitamente. Dividir nosso calor na noite fria, ouvir sua respiração suave e profunda, com cabeça apoiada de leve em meu ombro e deslumbrando as estrelas que piscam para nós.

Enquanto acompanhamos com os olhos o vinho caro que eu despejo na sarjeta, ela leva a mão ao meu rosto de barba mal-feita... arranhando a mão nas carícias doces de seus dedos gelados. Toca-me os lábios como um sinal chamando-me para beijá-la. Nosso semblante tímido desaparece durante nosso beijo indiscreto... Não posso ser discreto realizando um sonho...

Sob a luz de um poste que nos ilumina como um holofote de teatro. Encenamos uma peça linda. A única diferença é que não há atores, há apenas dois corações gratos e exultantes por terem recebido seus desejos de Natal – amor.

Você nunca foi do tipo acostumada a dormir tarde. Suas pálpebras pesam. Deito sua cabeça em meu colo e me deslumbro ao ver você cair no sono.
Aguardando o nascer do Sol e acariciando seu cabelo macio.
O horizonte clareia com os primeiros raios do novo dia.
Pego-a em meus braços e voltamos para a casa agora vazia e com os rastros do banquete que ali se fez.
Com calma para não acordá-la, acomodo-a na cama e fecho as cortinas. No silêncio do quarto vejo pela fresta da janela o Sol já alto no céu... Que venham os fogos e os incontáveis anos ao lado dela!

29/12/11 – 00h54min

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Maldita cidade




Suas luzes pintam as nuvens com um alaranjado brando, imitando descaradamente a beleza do pôr-do-sol; ofuscando o brilho das estrelas e deixando o céu morto, vazio.
Sua gente se esconde na própria ignorância isolada do mundo; mais parece o povo de uma província atrasada.
Suas ruas pulsam com a podridão de seus dirigentes imundos, exalando o hálito pútrido de todos aqueles que ousam proferir seus nomes.
Seus contrastes e hipocrisias envergonham todos os (raros) cidadãos de bem; carroças e luxuosas limusines dividem o mesmo asfalto cheio de cáries.

Esta é minha maldita cidade que, além de tudo, está longe da cidade Dela... Longe de mais para saber o quanto. Perdido no mapa eu tento encontrar o caminho que me leve (finalmente) até Ela.

09/12/11 – 19h 19min

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Álbum de mentiras





Tudo que tenho são fotos e um punhado de palavras. Não me deste mais nada. Resta-me olhá-las e acreditar, que em algum lugar, tem alguém a me esperar.
Estas fotos podem ser poucas, mas são únicas.
Estas palavras podem ser curtas, mas são sinceras.

Queria montar um álbum com nossas recordações, mesmo que inventadas por minha insanidade. Sonhos que cruzam a linha da realidade e se tornam lembranças falsas.
Quero acreditar que estivemos juntos em outros invernos. Crer numa mentira forjada nos confins da minha loucura.
Uma mentira tão real quanto você; não posso vê-la, mas posso senti-la.

02/12/11 – 00h39min

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Nuvens que dançam



Os ventos trazem uma fragrância úmida que denuncia a chuva prestes a cair.
É fascinante ver o baile de nuvens; montando figuras, mosaicos de algodão nos ares. Como se Deus estivesse a pintar um quadro numa tela em branco no céu. Mas agora elas formam um espesso cobertor que é puxado sobre nossas cabeças imparciais. Um lençol de retalhos escuro e furado que se estende sobre a cidade.

Ouvir o rufar profundo dos tambores dos céus é intimidador.
Olhando a escuridão das nuvens acima, percebo que é parecida com a escuridão dentro de mim. Um vazio, um nada, um vácuo no meu peito onde a luz não alcança. Uma penumbra que só você iluminaria. Mas você não está aqui, não é mesmo?

Deitar-me e notar que passarei mais uma noite sozinho é revoltante. Ter a plena consciência de que poderíamos estar nos sufocando de desejo agora, é uma agonia que pára o maldito tempo.

Enquanto sonho com o dia que lhe encontrarei, observo as nuvens; minhas únicas amigas, companheiras para todas as horas, pois sentem minha tristeza e vêm chorar comigo.

02/12/11 – 00h20min