As gotas de chuva espalhadas na janela, pingos d’água entrando no quarto, um vento frio de cortar a alma. É outono.
As árvores parecem sem vida, enquanto a brisa suave soprando o que restou delas – folhas mortas e pétalas desbotadas, como das flores do buquê que te dei, quando você ainda me amava. Ou pelo menos, acho que “amava”.
Uma lágrima salgada de rancor e remorso desce meu rosto até minha boca. Nunca havia sentido o gosto da tristeza. É pior que eu imaginava. Bem pior.
Memórias de nossas mãos juntas me ferem como flechas envenenadas com o batom que você costumava usar.
De minha varanda, eu vejo um casal... Lá... Ao longe. Dividindo o mesmo guarda-chuva. Correndo da água que os persegue, ambos rindo, amando, vivendo. Abrigam-se num toldo, jogam o pequeno guarda-chuva preto no chão e ele, num gesto cativante, tira o cabelo molhado do rosto delicado de sua amada e a beija.
Um soco no estômago de todos aqueles que já tiveram seus corações despedaçados.
E eu... Assistindo àquela cena, amargurado. Invejando todos aqueles que desfrutam de uma dádiva chamada “amor”.
22/03/11 – 17h35min
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